A primeira coisa que eu fiz, e creio que muita gente o faz tambem quando começa a fazer o processo de cidadania, é redescobrir o passado. Na minha famìlia, infelizmente ninguem hoje vivo conhece a historia dos nonnos italianos.
Por pura ignorancia (no sentido literal) ou màs recordaçoes, uma historia incrivel ainda hoje a nòs foi esquecida no tempo. Minha mae diz que as nonnas eram de Vicenza. Vagas lembranças contados pela Tia Anita do Barao me levaram a crer que o tal Mioli era do veneto, talvez Venezia. Depois falando com alguns Miolli (os com 2 LL) de Camaqua, mais algumas historias sobre o camarada, mas nenhuma informaçao da procedencia. Ah, encontrei uma foto da familia datada de 1918:

Em Pé: Maria, Antonio, Eliseo ou Bellino, Joao(Giovanni), Eliseo ou Bellino
Sentados: José Ciolli(Filho da Elisa), Elisa Fantin, o Tal Pietro, Genoeffa
Sentados: José Ciolli(Filho da Elisa), Elisa Fantin, o Tal Pietro, Genoeffa
Um capitulo a parte, relato aqui algumas das historias que escutei. Me disseram que o tal Pietro...
- ... se comunicava via carta com a Familia dele da Italia. O incrivel que estas cartas foram extraviadas, jogadas fora.
- ... era pedreiro. Na verdade, comprovei isso vendo na colonia antigo as "pipas" que ele fez de concreto... Alem, que ele trabalhou na construçao da catedral de Porto Alegre e que ele fez varias pontes da redondeza.
- ... era musico. Tocava na banda da cidade e tal.
- ... uma vez ganhou na loteria e sumiu. Queria debandear de volta pra Italia, deixando a familia toda com filhos pequenos aqui. E se deu mal em Santos porque nao tinha o passaporte, voltou com o rabo no meio das pernas...
Ali mesmo no Barao, escutei falar de um livro sobre a historia da cidade. Um certo Leandro Fallavena da Rocha escreveu um livro baseado nas memorias dos primeiros imigrantes italianos, especialmente de Cesare Tassinari. Procurei e lì o tal livro entao na esperança de achar algo. Obviamente, nada sobre os Mioli.
Nao havendo historia dita, procuramos a historia escrita. Como sabia que o camarada Mioli morou e passou boa parte da vida no Barao do Triunfo, fui direto para o cartòrio da cidade. O cartorio do Barao è bem antigo, datado de 1876. Com uma assistencia importante do amigavel pessoal do cartorio, encontrei o registro de nascimento de quase todos os filhos do Pietro (exceto ,obviamente, meu bisavo Joao Mioli ), assim como casamentos, òbitos de toda a familia atè chegar na minha mae. Isto era muita sorte, achar tudo assim facil facil no mesmo lugar...
Com essas informaçao, construi a minha arvore geneologica:
E foi com os dados do cartòrio do Barao do Triunfo que as coisas complicaram: alguns filhos eram registrados como Mioli, outros como Miolli (2 L). E, especialmente, na certidao de Francisco Mioli, estava declarado como Bortolomiol e ainda dizia sobre a paternidade "natural de Treviso". Vendo o nome do pai dele declarado como avo paterno Giovanni Bortolo Mioli e o Pietro tambem como "Bortolo Mioli", cheguei a conclusao que o segundo nome e o sobrenome eram originalmente juntos: Bortolomiol. Faz sentido, è uma familia sitiada em Treviso.
Assim, achei que tava com a faca e queijo na mao: o sobrenome certo seria Bortolomiol e ainda por cima sabia que era de Treviso. Com essas informaçoes, parti para Italia.